Joyland – Resenha

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Título: Joyland

Autor: Stephen King

Editora: Suma de Letras

Ano de Pulicação: 2013

Nº de páginas: 288 p.

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Sinopse: Carolina do Norte, 1973. O universitário Devin Jones começa um trabalho temporário no parque Joyland, esperando esquecer a namorada que partiu seu coração. Mas é outra garota que acaba mudando seu mundo para sempre: a vítima de um serial killer. Linda Grey foi morta no parque há anos, e diz a lenda que seu espírito ainda assombra o trem fantasma. Não demora para que Devin embarque em sua própria investigação, tentando juntar as pontas soltas do caso. O assassino ainda está à solta, mas o espírito de Linda precisa ser libertado — e para isso Dev conta com a ajuda de Mike, um menino com um dom especial e uma doença séria. O destino de uma criança e a realidade sombria da vida vêm à tona neste eletrizante mistério sobre amar e perder, sobre crescer e envelhecer — e sobre aqueles que sequer tiveram a chance de passar por essas experiências porque a morte lhes chegou cedo demais.

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Stephen King é definitivamente o rei do suspense e mistério atual. Não é o primeiro livro que leio dele e com certeza não será o último, e posso afirmar que o estilo de sua escrita é impecável em todas as páginas que já escreveu. Joyland não é uma exceção. É uma história profunda, envolvente e até mesmo triste ( no final principalmente).

Não recomendo muito para quem está procurando um terror de gelar os ossos, e sim para quem quer um entretenimento. É um livro bom, rápido de ler, e realmente tem uma história convincente. Para os fãs do autor, é realmente um romance imperdível. Não é muito conhecido, mas nem por isso deixa de ser bom- ele tem uma pegada cult, meio alternativa mesmo. Isso faz ser um livro original e único, bem do jeitinho do Stephen. O livro também se passa durante os anos 70 – com muitas referências a bandas e artistas da época.

O único ponto ruim do livro é que, em algumas vezes, sentimos que a história não flui e o clímax nunca acontece.   Mas se tiver paciência, ele chaga bem no final… Talvez não do jeito que esperava-se.

Uma coisa boa do livro é que todos os personagens foram muito bem construídos. Tom, Lane, Erin, Annie, Mike… Nos sentimos em outra época, em um parque de diversões de verdade com pessoas de carne e osso. Todas tem suas falhas, suas qualidades e jeito de ser. Algumas não gostamos, algumas adoramos. Uma das intenções de Stephen era fazer um contraste com a juventude e a velhice, então temos pessoas de várias idades e também observamos os personagens principais, Tom, Erin e Devin, quando já estão mais velhos. Além do mais, a história em si é frágil. Não tem a intenção de assustar, apenas de ser densa e conseguir atingir o leitor de alguma maneira.

Temos o personagem principal, Devin Jones. É um cara legal. Facilita a leitura ter uma pessoa como ele narrando, principalmente porque não há nada que te faça desgostar dele – na realidade, eu realmente fiquei com um pouco de pena dele no começo e depois comecei a torcer para que resolvesse o mistério e encaixasse todas as peças do quebra-cabeça.  É um personagem deveras carismático, tanto com o leitor quanto com as pessoas com quem interage no parque.

Devin vai trabalhar em Joyland, um parque temporário, para juntar uma grana para a faculdade. É muito otimista e apaixonado… no começo. Stephen conseguiu transformar o Dev do início em um jovem depressivo que ouve The Doors na cama. Ele teve essa recaída porque seu coração foi quebrado. Isso o fez crescer como pessoa e focar seus interesses em outras coisas. Um delas é o o assassinato de Linda Gray – principalmente o paradeiro do assassino e o que realmente aconteceu no dia da morte de Linda. Minha teoria é que ele ficou tão interessado no caso para no íntimo esquecer os seus próprios problemas, tentando assim resolver o dos outros.

O mistério de Linda Gray é bem cativante, ainda mais porque Stephen colocou um toque paranormal. Seu espírito assombra o Horror House ( claro que tinha que ser uma casa de horror), pois foi lá que foi morta, mais especificamente em um dos carrinhos no canto mais escuro. Devin fica curioso quando sabe disso, até porque lendas e mitos em parques são coisas clássicas – ele nega, mas tem uma certa “alma de parque” em seu interior que o faz gostar tanto disso.  Quer ver o espírito e ajudá-lo, mais por curiosidade e busca por adrenalina. Mas depois sua intenção é realmente sincera, e isso fica bem claro. Devin realmente mergulha de cabeça neste caso de homicídio.

Ele recebe a ajuda de várias pessoas, incluindo Erin ( sua amiga e também a mulher por quem tem uma queda). Porém a pessoa mais importante para a resolução de tudo isso é Mike. Sua mediunidade pode ser um fardo para ele ( é meio ruim prever o próprio futuro o das pessoas em volta ), mas mesmo assim ele apoia e auxilia Devin.

Nunca se esqueça que nem tudo é fantasia. Ao longo do livro fica bem claro que o assassino é bem real – real demais. Ele ainda está a solta, e é o que faz o espírito de Linda se revirar e clamar por justiça – justiça por a ter matado e estuprado, e ter feito o mesmo com outras meninas que ainda tinham muito para viver.

Sem sombra de dúvida, um dos meus livros favoritos. Além de ter um design muito lindo <3, a escrita de Stephen é informal e cativante, misturando realidade com fantasia com maestria. Quando abrir a primeira página, é difícil resistir e não se encantar. É um ótimo livro para passar o tempo e mergulhar fundo. Tenho somente altas recomendações para dar uma chance e ler!

nota 5

escrito mari

A Última Esperança sobre a Terra – Resenha

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Título: A Última Esperança sobre a Terra

Autor: Richard Matheson

Editora: Francisco Alves

Ano de publicação: 1984 (original de 1954)

Páginas: 135 p.

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Sinopse:Terminada a guerra, manifesta-se estranha epidemia, trazida pelas tempestades de poeira e pelos mosquitos. Durante o dia, as pessoas permanecem em coma profundo; à noite, despertam repentinamente e saem em busca de alimento. Mas só de um: sangue. Médicos e cientistas não conseguem diagnosticar a enfermidade nem encontrar sua cura. O que é mais grave: a epidemia se alastra rapidamente, desorganizando toda a estrutura social. Todos ou quase todos acabam sendo atingidos pela nova Peste e a única solução é queimar os corpos numa gigantesca fornalha atômica: porque, de outra forma, os mortos retornam, sedentos de sangue.

Em meio a esse pesadelo, um homem não foi contaminado, por ter adquirido uma espécie de imunidade. Robert Neville, então, empreende uma operação de extermínio dos sobreviventes e, ao mesmo tempo, procura descobrir a origem da misteriosa doença. Ela sempre existiu, mas tinha sido encoberta, através dos séculos, pelo manto da fantasia, da superstição e do medo. Transformara-se numa lenda sinistra o que não passava de um fenômeno natural: a infecção por um bacilo. E Robert Neville, refugiado numa casa à prova de vampiros, vai desmontando, um a um, os disfarces da lenda.

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O livro segue Robert Neville, o qual tenta encontrar a causa – e talvez uma cura – para a epidemia que transforma vivos e mortos em vampiros. De noite trancado em sua casa protegida com alho e tábuas pregadas nas janelas; de dia procurando suprimentos e matando vampiros, os quais entram em estado de coma quando ao nascer do sol até o crepúsculo do dia.

Acompanhamos a mente do personagem, há anos sozinho, tentando não perder as esperanças onde parece ser um mundo onde só ele está vivo. Vemos o que ocorreu com sua esposa e filha, que sucumbiram à doença; a situação que ele e seus semelhantes se encontram após a guerra; tendo que encarar as tempestades de areia e os insetos nelas trazidos; como o coletivo se comporta quando a doença começa a se espalhar.

A trama tem um tom deprimente do começo ao fim. O protagonista muitas vezes se alcooliza para amenizar suas dores, o que acaba por lhe causar mais sofrimento ainda. Sem nenhum contato humano, Robert Neville reprime seus desejos sexuais e desaprende a conviver com os outros; no fim, quando encontra uma sobrevivente, às vezes se vê sentindo falta da solitude.

Recebeu três adaptações para o cinema: The Last Man on Earth (1964), The Omega Man (1971), Eu Sou a Lenda (2007, e provavelmente o mais conhecido) e I Am Omega (também de 2017). Referente às edições do livro, há um lançamento da Editora Aleph de 2015 intitulado Eu Sou a Lenda, para quem prefere comprar livros novos. Já para quem curte se aventurar em sebos, há a versão que eu li da Editora Francisco Alves, de 1984. Mas cuidado! Na contracapa, há spoilers do final do livro, o que pode estragar a surpresa para quem viu o filme do Will Smith ou até mesmo para quem nunca ouviu falar sobre a obra de Richard Matheson.

Recomendo para quem curte livros de ficção científica que exibem um futuro distópico. Falar mais do que já falei da história poderia estragar algumas surpresas presentes na parte final do livro. Caso ainda esteja com vontade de ler algo do gênero, recomendo o conto Não tenho boca e preciso gritar, de Harlan Ellison; história que mostra um futuro mais que pessimista.

nota 5

escrito paulo

 

Misery Louca Obsessão – Resenha

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Título: Misery Louca Obsessão
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Ano de Publicação: 2014
Páginas: 347 p.
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Sinopse: Paul Sheldon é um famoso escritor reconhecido pela série de best-sellers protagonizados por Misery Chastain. No dia em que termina de escrever um novo manuscrito, decide sair para comemorar, apesar da forte nevasca. Após derrapar e sofrer um grave acidente de carro, Paul é resgatado pela enfermeira aposentada Annie Wilkes, que surge em seu caminho. 
A simpática senhora é também uma leitora voraz que se autointitula a fã número um do autor. No entanto, o desfecho do último livro com a personagem Misery desperta na enfermeira seu lado mais sádico e psicótico. Profundamente abalada, Annie o isola em um quarto e inicia uma série de torturas e ameaças, que só chegará ao fim quando ele reescrever a narrativa com o final que ela considera apropriado. Ferido e debilitado, em Misery – Louca obsessão, Paul Sheldon terá que usar toda a criatividade para salvar a própria vida e, talvez, escapar deste pesadelo.
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Eu tenho uma relação de amor e ódio com o Stephen King mas nesse caso foi só amor! Li Misery já sabendo da história mas nem imaginava o que me esperava ao ler esse clássico do terror psicológico. Ele começa de boas, você até se identifica com a Anne em alguns momentos – se você já foi fã de alguém famoso você com certeza vai se identificar! – até que o livro parte para um ritmo aterrorizante e frenético até você chegar ao ponto de não saber mais do que a Anne é capaz.

O ponto alto aqui são os personagens extremamente bem construídos, um ótimo trabalho do King que tinha o desafio de levar um livro inteiro apenas com um único local e 2 personagens e isso é feito com maestria. O cenário é claustrofóbico e o ritmo adequado, se em alguns momentos a lentidão é a nossa maior inimiga em outros a rapidez como as coisas acontecem é aterrorizante. Mas como mencionado antes todo TCHAN se dá por Paul e Anne. De um lado temos um escritor famoso angustiado com sua obra prima e nós o entendemos completamente e isso é chave para que possamos ficarmos presos no livro porque se o Paul fosse um chato de galocha iríamos querer que ele morresse logo, MAS NÃO, o Paul é incrível e você só quer que ele se salve e exponha pro mundo seu novo livro. Do outro lado temos Anne, psicopata mor, rainha da tortura tanto física quanto psicológica não apenas com Paul mas com você, caro leitor! Se você curte um suspense bem feito e que te prende até o fim corre pra ler Misery, que você não irá se arrepender! E deixo aqui a minha recomendação para o filme que faz jus ao livro e tem uma das maiores atuações da história o qual fez a Kathy Bates levar um Oscar!

nota 5escrito duda

A Casa dos Pesadelos de Marcos de Brito – Resenha

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Título: A Casa dos Pesadelos
Autor: Marcos de Brito
Editora: Faro
Ano de Publicação: 2018
Páginas: 144 p.
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Sinopse: Dez anos depois de estar cara a cara com aquela assombração, Tiago finalmente concorda em voltar à mesma casa para visitar sua avó. Agora adolescente, ele pretende provar para si mesmo, que a terrível imagem que o aterrorizara nas madrugadas por tanto tempo, não passava de uma criação tenebrosa da infância. Mas, ao chegar no casarão, o jovem se depara com o misterioso quarto de seu falecido avô, agora mantido fechado, e tratado como espaço proibido. As restrições com relação ao aposento, as sensações e barulhos no meio da noite logo alimentam nele a suspeita de que algo terrível habita o local. Tomado por uma estranha coragem e desejo de ver-se finalmente livre do medo, tudo que o rapaz deseja é descobrir o que há por trás daquela porta. Então, o pesadelo toma novo impulso quando a figura sombria da infância mostra-se real novamente… mas, desta vez, ela quer atacar o seu irmão mais novo. Determinado a impedir que o caçula passe por terror semelhante, Tiago, mesmo apavorado, decide enfrentar a criatura. E o que descobre expõe terríveis segredos do passado que ninguém poderia imaginar.
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Excelente terror nacional na resenha de hoje. Em A Casa dos Pesadelos, o autor Marcos de Brito conta a história do adolescente Tiago, atormentado desde a infância por um episódio vivido na casa dos avós maternos e que abalou profundamente a sua saúde emocional.
Na tentativa de superar esse trauma, Tiago, seu irmão mais novo e a mãe Laura voltam à casa em que os acontecimentos funestos tiveram lugar e reencontram a avó. No meio do descrédito, a desconfiança e a incompreensão da família, Tiago tenta proteger o irmão mais novo do mesmo mal que o atormentou.
A escrita de Marcos é ótima, quase lírica e nada óbvia. O autor abusa das analogias, das figuras de linguagem e de um excelente vocabulário para falar dos sentimentos, dos conflitos e da introspeção do protagonista. Há também um pequeno romance adolescente cruamente narrado.
Mas o que teria isso esse trauma vivido por Tiago? Imaginação? Pesadelo? Invenção? Marcos vai revelando aos poucos, a medida em que Tiago recorda as noites que passou na casa dos avós, os detalhes desse trauma e ora acreditamos,  ora duvidamos da sanidade do protagonista. De segredo em segredo, com ousadia e coragem, Tiago vai desvelando os segredos do passado e conduzindo o leitor a um desfecho realmente aterrador.
Sobre a edição da Faro: realmente lindíssima! As ilustrações de Ricardo Chagas e os capítulos que tratam do passado em cor diferente, colaboram com a imersão do leitor e são um diferencial interessante.
Mas quantas estrelas eu dou para a obra? É uma trama belamente contada, com pontas bem amarradas e personagens consistentes. Nesse sentido eu dou. Mas não é uma história para todo mundo, o desfecho é, realmente, chocante e perturbador.
Mais não posso dizer, para não estragar a surpresa de quem vai ler. Só dou um conselho: esteja preparado para tudo.
A capa de livros que aparece na foto é da Capas Aurifames